Neste artigo, falamos sobre o medo e a esperança. O medo é algo aparentemente negativo, enquanto a esperança, positiva.
Concorda?
Esses sentimentos (ou afetos) podem ser dois “paralisantes” da vida, pois estão situados em uma mesma dimensão temporal (dependendo da forma como são vividos).
Ambos têm uma relação com uma projeção de futuro. O medo, de que um coisa ruim venha a acontecer. A esperança, de que uma coisa boa vá acontecer.
Essa espera de algo (mesmo que esse algo seja positivo) pode paralisar, retirar o sujeito da ação. Ele só volta ao movimento depois de a realidade esperada ocorrer.
O livro “Ética”, que foi escrito pelo filósofo holandês Baruch Espinoza, e que foi fonte de estudo do psicanalista francês Jacques Lacan desde os 16 anos de idade, tem um capítulo dedicado aos afetos.
Espinoza escreve que o medo é uma tristeza passiva, e que a esperança é uma alegria, mas também passiva. Que o medo oprime, aperta o coração e diminui a potência de agir. O medo de ficar sem dinheiro ou trabalho, de perder um amigo, é algo que não temos controle, que tem a ver com o futuro, mas baseado em algo do presente, do que pode vir a acontecer.
Claro, o medo nos serve de alerta. Eu posso me prevenir de algo a partir dele. Aí ele seria útil, mas ele só é útil se não nos paralisar.
A esperança tem essa busca de proteção ao medo. Mas é, ou pelo menos deveria ser, momentânea. Ela pode, por exemplo, evitar um pânico, mas também pode ser vista como escapismo, uma fuga da realidade.
No momento em que alguém está sempre na esperança, enquanto a realidade avança e o objeto esperado não se confirma, ela cede à desesperança. Então, vem o desespero.
A esperança é boa quando ela nos retira da projeção negativa do medo, mas pode ser uma alegria passiva porque nos deixa nessa espera sem ação, como dependente de que algo bom ocorra para que o movimento também aconteça, para sair da situação. É algo que vem de fora.
A esperança deveria ser transitiva, uma fase para que a pessoa se organize para sair da situação, para pensar no movimento, na ação.
Ou seja, em algo por meio do qual a pessoa possa tomar o protagonismo da situação.